sábado, 5 de março de 2016

Capacidade de Dilma governar se esgotou, dizem analistas

Cientistas políticos avaliam que Dilma perdeu o que restava de sua capacidade de governar após operação ter agindo a maior estrela do PT.


 Após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter se tornado alvo da Lava Jato, Dilma Rousseff perdeu o pouco que restava de sua capacidade de governar, avaliam cientistas políticos. A operação da Polícia Federal atingiu em cheio o mentor da presidente e a principal estrela de seu partido, o PT.Põe e tira a faixa: investigações atingiram em cheio Lula, comprometendo ainda mais a governabilidade de Dilma

Põe e tira a faixa: investigações atingiram em cheio Lula, comprometendo ainda mais a governabilidade de Dilma
Foto: Wikimedia / O Financista

Para o cientista político Antônio Lavareda, a capacidade de governabilidade de Dilma foi esgotada e a crise política atingiu um patamar que pede, com urgência, uma resolução dessa crise, para que o País possa seguir adiante.

“Pela primeira vez em um regime democrático, um ex-presidente é conduzido coercitivamente para prestar depoimento e é associado a delitos dentro desse espectro da operação (Lava Jato). Ou seja, o episódio de hoje agrava a crise política e acentua a paralisia do governo no que concerne à condução de sua agenda econômica e administrativa, fundamental para recolocar o país nos trilhos”, diz Lavareda.

Para Heni Ozi Cukier, cientista político e professor de relações internacionais na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), a ação da Polícia Federal faz com que o processo de impeachment de Dilma seja acelerado.
“É uma questão de tempo, pois será muito difícil sustentar o apoio político. A exposição que tudo isso está gerando, os índices de reprovação contra o PT, contra Dilma e Lula devem aumentar. 

E vamos enxergar o processo caminhar”, avalia Cukier.
A resolução mais provável, para Lavareda, seria uma saída via Congresso, devido à necessidade da classe política de encontrar a saída “mais rápida”. O caminho do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), via cassação da chapa, “leva meses” e faria o País atravessar – nesse estado de paralisia – todo o restante do ano de 2016.

“Um afastamento da chapa, hoje, levaria necessariamente a uma nova eleição. E isso não é interessante para o país hoje.
 O mais saudável é que repitamos a experiência de 1992”, afirma Lavareda, referindo-se ao processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor.

"Nós contra eles"

O discurso adotado por Lula, após a 24ª fase da Lava Jato, enfatizou a questão do “nós contra eles” e foi avaliada como “inteligente” por Lavareda. “É o único caminho que ele pode trilhar. A condução coercitiva de Lula e seu esforço para se vitimizar ainda tem a capacidade de despertar alguns graus de emoção na militância petista. Afinal, ele encarna o que há de mais heroico e romântico na simbologia do partido.”

Mas o Lula de hoje está enfraquecido. “Óbvio que sempre haverá minorias – sobretudo petistas – que poderão ser mobilizadas por sua retórica. Mas a maioria da opinião pública acha que ele está, sim, comprometido com as investigações da Lava Jato, que ele é o responsável pelas acusações que lhe são imputadas e rechaça, portanto, seu posicionamento”, diz Lavareda.

O professor da ESPM concorda que o “discurso para convertidos” do ex-presidente era sua única opção no momento. “Não tem como o Lula ter outro discurso. Qualquer outro discurso já não tem mais efeito, não funciona. Agora, ele só pode tocar o coração daqueles que são seguidores fiéis, pois o resto já não acredita em suas palavras. Não por hoje, mas por todos esses anos”, afirma Cukier.
Lula 2018

O cientista político da Faculdades Rio Branco, Pedro Costa, avalia que a ação da Polícia Federal na casa do ex-presidente teve caráter político com o objetivo de diminuir as chances de o PT vencer a corrida presidencial de 2018.
A presidente “Dilma [Rousseff] não é ameaça, quem ameaça é o mentor dela, o Lula. O objetivo é exterminar o grande inimigo de 2018”, diz.

Além de afirmar que a ação da PF desrespeitou a Constituição, o especialista considera que a operação determina o início da campanha de Lula. "O PT não tem plano B, não tem outro candidato. Se ele não for candidato as chances são mínimas para o PT.”

O Financista


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