Antigos companheiros do presidente Lula formaram um núcleo de arapongagem em 2002 para espionar e promover ataques a adversários do petista que, na ocasião, disputava pela quarta vez consecutiva o Palácio do Planalto. A denúncia é do sindicalista Wagner Cinchetto.
Ele afirma ter integrado o grupo que teria como principal estratégia atribuir à campanha de José Serra (PSDB) a autoria de ações clandestinas.Uma dessas investidas, afirmou Cinchetto à revista Veja, foi a polêmica operação da Polícia Federal que, naquele ano, recolheu na sede da empresa Lunus R$ 1,34 milhão, dinheiro vivo e sem origem declarada que seria do caixa 2 da campanha de Roseana Sarney (PMDB), hoje governadora do Maranhão e então pré-candidata à sucessão de Fernando Henrique Cardoso.
“O Lula sabia do núcleo e deu autorização”, afirma Cinchetto. “Tinha um plano para detonar a campanha da Roseana”, disse ele ao jornal O Estado de S. Paulo, ontem. “A gente tinha uma pessoa infiltrada na operação Lunus. Orientamos para ligar ao Palácio do Planalto para dizer que tinha dado tudo certo. Ficou a impressão digital do Serra. Quando a Roseana atacou o Serra o grupo festejou, teve comemoração. O PT estava nessa. Todo mundo acha que os tucanos planejaram.”O sindicalista conta que “quem dava a palavra final às vezes eram o Berzoini (Ricardo Berzoini, ex-presidente do PT) e o Luiz Marinho (prefeito de São Bernardo do Campo)”. “Quando a gente precisava de dinheiro falava com o Carlos Alberto Grana, tesoureiro da CUT, ou com o Marinho e o Bargas (Oswaldo Bargas, ex-secretário do Ministério do Trabalho).”
Cinchetto relata que o grupo trabalhou para inviabilizar as candidaturas de Anthony Garotinho (PDT) e de Ciro Gomes (PPS). “O Ciro era um dos favoritos. Centramos em seu ponto mais fraco que era o vice da chapa, o Paulinho da Força. Eu trabalhava para a CUT e já tinha preparado dossiê sobre o Paulinho, trabalho de profissional. Fotografamos até uma fazenda do Paulinho. A candidatura do Ciro foi minando. O Ciro achava que era coisa dos tucanos, do pessoal do Serra.”
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, disse que considera inverídicas as declarações de Cinchetto à revista Veja. “Não tenho nada a declarar. Não conheço esse senhor (Cinchetto), nunca o vi. Veio da Força Sindical, rival da CUT”, limitou-se a comentar. Procurado pelo Estado, o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) não deu retorno à ligação.
Agência Estado
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