ENTREVISTA
Relembrando histórias do futsal com FOCA
Seu nome é Antônio Rubens Vaz. Desde cedo no mundo do esporte, com um
ano de idade mudou-se de Jacarezinho para Telêmaco Borba, ocasião em que seu
pai, o grande goleiro Bolívar, veio integrar o time do Clube Atlético Monte
Alegre de futebol de campo – aquele que seria campeão em 1955, tornando-se a
primeira equipe do interior a vencer a 1ª divisão do Campeonato Paranaense.
Em 1974 ingressou na empresa Klabin Monte Alegre, ocupando o cargo de
técnico em Mecânica. Apaixonado por futsal, aproveitava as horas
vagas para treinar voluntariamente o time do CAMA – nascendo assim uma bela
rivalidade com a equipe do Aquárius Futsal.
Em 1990, Vaz transfere-se para a Inpacel, em Arapoti, onde acompanhou a
montagem da nova fábrica, mas já com o intuito de ajudar a equipe patrocinada
pela empresa a deslanchar.
Foram cinco anos de conquistas no futsal, culminando com o título
mundial na Espanha em 1995. Nesse mesmo ano, a equipe da Inpacel acaba e o
técnico em Mecânica deixa para trás 22 anos de trabalho na indústria para
ingressar definitivamente na carreira de técnico de futsal.
Depois de treinar várias equipes no Brasil foi para a Itália, passando
por diversos clubes como assistente técnico e treinador. Hoje Antônio vive na
Sicília, ao sul das terras italianas, onde treina o time do Augusta F.C.
Nossa equipe aproveitou as férias do Foca (como é mais conhecido o
treinador) e foi a Curitiba para uma entrevista descontraída, cheia de memórias
e pensamentos de um profissional apaixonado pelo esporte.
P&V – Você cresceu em uma família de esportistas. Desde cedo você é
apaixonado por futebol?
FOCA – Sim. Nós aprendemos primeiro com o meu pai. O pessoal mais
antigo, do time campeão de 55, o Pequeno, o meu pai, entre outros que foram
jogadores, faziam esse trabalho de ensinar futebol voluntariamente, só pra
tirar os guris da rua, para os filhos não ficarem na rua sem fazer nada.
A ideia deles era arranjar uma atividade esportiva, algo que eles
gostassem de fazer. Então como éramos direcionados ao futebol, treinávamos
futebol.
O futebol de campo nasceu desse sonho de participar daquela equipe do CAMA.
Todos eram funcionários da Klabin e jogavam. O Pequeno, o meu pai, o Taíco, o
Baianinho... Essas pessoas saíram e veio a segunda geração, com Rubinho,
Alcione, Danilo, meu irmão Paulinho (que chegou a jogar no Atlético
Paranaense).
Nosso vínculo era ver esse pessoal jogar, estar junto deles, marcando
campo, pegando bola, engraxando chuteira.
P&V – Seu pai, Bolívar, chegou a treinar vários meninos na escolinha
do CAMA...
FOCA – Meu pai vivia como funcionário do CAMA. Ele cuidava do campo,
treinava o time e fazia a escolinha, onde a maioria dos meninos era filho de
funcionários da Klabin. Chegou a ter mais de 100 moleques.
P&V – Existia um tratamento diferenciado para aqueles funcionários
que jogavam?
FOCA – Sempre vai existir. Por isso que nasceu essa era de
profissionalismo. Ou você faz só futebol ou você só trabalha. Se você põe a
mesma pessoa para fazer os dois, aquele que não faz esporte sempre vai ficar
com ciúme.
Na Europa ainda se convive muito bem. O cara joga e trabalha. Nossa
cultura tem muita barreira para ser quebrada.
P&V – Você acha que não deveria haver nenhum problema entre a pessoa
jogar profissionalmente e ter outro emprego?
FOCA – Tem o bom profissional e tem o vagabundo, que deve ser mandado
embora. Mas aquele que consegue jogar e trabalhar com rendimento você mantém.
É uma questão de cultura. Se fosse assim em todas as áreas, um advogado
não poderia pegar mais de uma causa.
P&V – Da Klabin você se transferiu para a Inpacel. Como foi essa
mudança para Arapoti?
FOCA – Tudo isso surgiu em função do trabalho que eu fazia na Klabin,
trabalhando com futebol de salão nas categorias de base, tentando trabalhar de
forma organizada junto com Pedrinho, Everaldo, Maca, Jair Neves (o pessoal que
fazia a coisa acontecer, sem receber nada).
Como nós tínhamos na mesma época o curso de papeleiro, eu conheci um
pessoal que era de Jaguariaíva, se formou e já conseguiu emprego na Inpacel.
Foi quando eu conheci o meu compadre Abílio.
Esse pessoal levou a possibilidade de levar um time de futsal para a
Inpacel, porque até então a empresa só tinha time de campo, na segundona. Eles
disputaram três ou quatro campeonatos e não ganharam.
E daí o superintendente geral da Inpacel propôs ao Abílio,
recém-formado, de montar um time de salão para jogar na região de Jaguariaíva,
Venceslau, Piraí, Tomazina, quando tivesse festa de aniversário dos municípios.
Criou-se um time de jogadores que trabalhavam e disputavam esse torneio
a noite. Quando eles ganharam o torneio regional, surgiu a ideia de fazer um
time com amplitude maior de competição.
Aí pediram meu currículo para tentar aprovar na Inpacel, como técnico em
Mecânica. Mas existia a possibilidade de fazer um projeto para disputar o
paranaense.
A Ivete, minha esposa que é professora, fez um teste e foi contratada
pelo Colégio Positivo em Arapoti e tudo deu certo.
Indo para lá, logo apresentamos o projeto do time de futsal. Porém, em
Arapoti não tinha estrutura, não tinha luz, não tinha ginásio. Não tinha como
levar um grupo de jogadores para disputar naquelas condições.
Mesmo com as dificuldades, o time foi montado com quatro ou cinco
jogadores de Londrina e mais uns seis que haviam sido campeões regionais.
Aí entrou o professor Jarrão, de Jaguariaíva, que ajudou muito. Ele foi
o mentor junto com o Bosco e com o Abílio de formar esse time.
De 91 a 95 o time ganhou tudo. O Paranaense era obrigação
ganhar. Chegamos ao auge com o título mundial na Espanha. Eu sempre estava no
meio como assistente ou como técnico enquanto não vinha um técnico de fora.
Em 1995, o Félix, que era o técnico, saiu logo no começo do ano porque
recebeu uma proposta da Espanha. E foi assim que eu segui com o time até o
mundial. Na volta nós disputamos mais um campeonato paranaense e a Inpacel
encerrou o patrocínio da equipe.
P&V – Quando acabou o time da Inpacel, o que aconteceu com a sua
vida?
FOCA – Eu tinha duas saídas: continuar na Inpacel até aposentar ou ia
trabalhar com o esporte.
Eu tinha feito amizade com muita gente do futsal – Paulinho Cavalcante,
Danilo, Fininho, Ortiz, Serginho, entre outros – e foi assim que eu tive a
possibilidade de me tornar treinador de fato.
Eu comecei a fazer cursos, me adequando na área técnica, física e
tática. No momento pesou bastante a questão da família, pois não é fácil deixar
22 anos de carteira assinada para trás.
Fui convidado para ser técnico em Carazinho (RS). Aproveitei que tinha
duas férias vencidas e fui. Quando as férias venceram eu pedi a conta da
Inpacel e estou aí correndo até hoje. Não fiquei rico, mas dá pra se viver
(risos).
P&V – Qual a principal conquista desde que você se tornou técnico
profissional em 95?
FOCA – A principal conquista é a cultura que eu adquiri e as coisas que
pude proporcionar para a minha família. Nesses anos que estou na Itália, todo
ano a minha família vai pra lá.
Será que se eu estivesse trabalhando hoje como mecânico eu teria dado
essa chance para minha família? Conhecer a Alemanha, Suíça, Roma, Milão?
P&V – Em 16 anos como técnico, você passou por quais times?
FOCA – Inpacel, Carazinho (RS), América de Tapera (RS), Paço Fundo (RS),
Goiás Esporte Clube, Seleção da Bahia, ACBF (RS), Londrina... e daí fui para
Itália.
Lá eu treinei o Augusta FC em 2001 e 2002, Reggio Emília, de 2002 para
2003, e voltei para o Brasil, passando por Pato Branco e Foz.
Depois voltei para a Itália, treinando novamente a equipe do Reggio
Emília, fui para Veneza, depois para o Ceccano, e voltei para o Augusta, na
Sicília, onde estou hoje.
Trabalhei praticamente em todas as regiões da Itália.
P&V – Existe um grande número de jogadores brasileiros jogando
futsal na Itália.
FOCA – Só para se ter uma ideia, são 14 times na série A1, 28 na série
A2, 62 na série B e uns 80 na série C. Com isso, abriu-se uma porta muito
grande para os brasileiros, principalmente para os descendentes de italianos.
Nos quatorze times da série A existem pelo menos oito brasileiros em cada time.
O jogador pode se radicar na Itália, conseguindo cidadania, ganhando mil
euros, com todas as despesas pagas pelo clube: assistência médica, moradia,
alimentação, etc.
Eu fiz as contas, em 2010 nós tínhamos cerca de 530 jogadores
brasileiros só na Itália. A Seleção Italiana, que disputou o mundial no Brasil
em 2008, tinha 14 jogadores brasileiros.
P&V – Qual a grande vantagem da sua carreira na Itália?
No meu caso é de ajudar pessoas que têm potencial para jogar futebol e
através do futsal melhorar a sua vida, tanto no aspecto cultural como
financeiro, ajudando sua família. Isso eu aprendi com o pessoal de Telêmaco.
P&V – Você conheceu muitas estrelas do Futsal?
Sim. Daqui, da Itália, da Espanha. Dessa geração da Seleção Brasileira o
Lenísio, o Falcão, quando eles ainda eram do juvenil.
Da geração antiga... Serginho, Manoel Tobias, Danilo, Fininho, Ortiz...
Da outra geração, Douglas, Jackson, Paulo Nunes, o Pança, o falecido
Barata.
Da Itália eu conheci todos durante esses anos que estou lá, sem falar no
pessoal da Espanha e de outros países.
P&V – Você acompanha os campeonatos europeus
FOCA – Sim. Eu posso ver a hora que eu quiser. Vai ter o Campeonato
Europeu agora na Hungria. É apenas uma hora de avião de onde eu moro. Tem jogo
do Roma e Lazio, eu pego avião, vou e volto.
Lá eu vejo com frequência os jogadores famosos como o Dida, Sidorf,
Júlio César. É algo comum.
P&V – Você tem fama de ser um treinador durão, enérgico, que
acredita na estratégia e no método. Você se considera realmente durão?
FOCA – Você não pode fazer nada sem programar. Essa história de ser
durão é lenda. Você querer que o seu filho de 14 anos não fume é ser durão?
Você querer que o seu filho com 14 anos respeite as moças que estão do lado é
ser durão?
Não é ser durão, mas tem que ter uma linha de conduta, fora e dentro da
quadra.
Eu aprendi a respeitar as pessoas e procuro passar isso. Se alguém não
respeita, não fica comigo. Vai procurar outro ambiente.
A metodologia é fundamental, pois não tem mais tempo para o “eu acho”.
Ou você sabe fazer ou não sabe fazer.
O esporte, como eu aprendi, é coisa sagrada. Não se brinca. Se você vai
trabalhar dentro do esporte, a vida tem que ser regrada. Se não tem objetivo,
vai jogar pelada de fim de semana!
P&V – Você então é disciplinador?
FOCA – Tem muitas pessoas que não entendem porque estão ali. Alguns vão
lá buscar uma coisa que é lenda, pensando que jogador de futebol é vagabundo,
toma cerveja, vai na zona, não gosta de trabalhar e de estudar.
E pra mim é justamente o contrário. Quem vai fazer esporte é cara que
gosta de estudar, que é pontual, que busca ser o primeiro da classe.
Acho que tem que colocar Deus na tua vida. E a bola também te traz um
pouco de Deus!
P&V – Você é Católico?
FOCA – Procuro ser. A Itália é o povo mais católico do mundo...Mas é bom
lembrar que foi o povo que crucificou Jesus.
P&V – Em quem você se inspira profissionalmente?
FOCA – O meu pai, o Paulinho, que é meu falecido irmão, Paulo César
Carpegiani são minhas referências. Leio muito sobre o José Mourinho, o Silvio
Lancelotti... Todas as reportagens que eu vejo na internet e livros desses
caras eu procuro ler, pois todos eles têm um ponto em comum: disciplina.
P&V – Você tem lembranças do seu pai como jogador de futebol?
FOCA – Eu não vi o meu pai jogar. Ele jogava em Arapongas quando
machucou o joelho e parou de jogar. Eu vi ele mais como treinador, mas todos
falavam que ele foi um bom jogador.
Com certeza, o maior legado que o meu pai deixou foi nos ensinar a fazer
o que você gosta, procurando tratar bem todo mundo, com lealdade e trabalho.
Quando você faz o que você gosta, não tem dinheiro que pague.
P&V – Como é sua rotina na Itália?
FOCA – Na parte da manhã trabalho das 9h30 às 12h. Eu levanto às 7h,
tomo meu banho, tomo café e vou para a quadra deixar tudo preparado. O pessoal
chega, nos cumprimentamos, fazemos uma oração agradecendo pelos nossos
familiares estarem bem no Brasil, agradecemos por ninguém ter se machucado. Daí
fazemos uma brincadeira, vamos para o aquecimento e começamos a treinar com
alta intensidade das 10h às 11h45.
O pessoal toma banho e depois nós almoçamos todos juntos – criamos um
refeitório só de brasileiros.
Das 14h30 às 16h30 tem as escolinhas das equipes de base, onde eu sou o
responsável técnico e tático dos instrutores.
Às 18h voltamos a treinar com o time principal até às 20h – isso de
segunda a sexta.
Aos sábados tem jogo da equipe principal, às 16h, e no domingo tem
campeonatos das categorias de base.
Essa rotina acontece de setembro a dezembro. Paramos no natal e no ano
novo, daí voltamos em janeiro e vamos até final de maio, quando tiramos férias.
P&V – Em relação ao futsal europeu, em que patamar se encontra a
Itália hoje?
FOCA – Hoje a Espanha é o top. Na Europa podemos colocar Itália em
terceiro lugar, tendo a Rússia como segunda força, pois eles estão investindo
um dinheiro pesado.
P&V – E o futsal no Brasil?
FOCA – O Brasil tecnicamente é muito forte e voltou a se organizar
taticamente. Mas é como no futebol de campo. A internet quebrou muitos
segredos.
Todo mundo posta fotos, filma, nos conteúdos das universidades tem muito
trabalho acadêmico, livros...Então ficou muito igual.
Hoje, o que sempre vai resolver é o talento individual. Mas isso você
tem que saber como fazer, como trabalhar o talento individual na equipe.
P&V – Existe diferença de perfil entre o jogador de futsal e o
jogador de campo?
FOCA – O futebol de campo é muito ilusório. Em um ano o seu ganho
financeiro pode aumentar significativamente. No futsal você tem um ganho menor,
mas tem o cursinho, o colégio e a faculdade que o clube te dá.
Hoje, todos os meus amigos que jogavam futsal e pararam são formados em
Educação Física. O Falcão tem um diploma para quando ele parar de jogar.
O campo não te dá isso, pois o jogador trabalha de manhã e tem que
descansar para treinar a tarde. O Sócrates conseguiu estudar porque tinha
contrato para treinar só a tarde.
O Neimar hoje não tem segundo grau completo e já tem um filho.
P&V – Quando você perde uma partida, o que se passa pela sua cabeça?
O que você procura fazer?
FOCA – Eu procuro descobrir onde que eu errei. Isso eu aprendi com o
Engenheiro Raimundo Tobich, Ademar Lopes, Moacir Trevisan, seu Eloy chaves,
Antônio Machado, seu Dinarte, Nelson, Chico... essas pessoas que me deram base
na Klabin onde eu trabalhei.
Eu saí do ginásio, nunca tinha trabalhado na minha vida, fui cair na
escola técnica. Da escola técnica eu fui trabalhar na Klabin, em 74, sem saber
nada de mecânica.
Essas pessoas tiveram uma calma comigo, tranquilidade, paciência e
didática para me ensinar. E eu trago até hoje comigo essa metodologia.
As pessoas faziam eu enxergar a importância do meu trabalho. Eu tinha
que estar convencido de que era capaz. A partir do momento que eles me
convenceram que eu era capaz, eu tinha motivação para estudar junto com os meus
companheiros a maneira mais fácil de executar aquela tarefa, sem prejudicar a
produção da empresa.
Então, a primeira coisa que eu faço quando o meu time está perdendo é
descobrir onde eu errei na minha qualificação semanal e porque o meu time não
está conseguindo se encaixar.
A gente começa a descobrir ali porque o jogador está nervoso, indeciso.
O que será que eu falei para ele durante a semana? É psicologia.
P&V – Como é viver longe dos seus familiares?
FOCA – Agora com a internet fica fácil. Eu falo todo dia com a Ivete
(esposa) e com minhas filhas. Eu sou casado há 30 anos e existe um vínculo
forte entre nós.
Eu me apego a Deus através das minhas orações para poder fazer o que eu
gosto.
Eu tenho saudade delas e dos meus amigos, mas se deus está me colocando
naquela situação é porque ele acha que eu posso resolver.
P&V – O que representa Telêmaco Borba para você?
FOCA – Eu fui para Telêmaco Borba com apenas um ano, quando o meu pai
foi campeão jogando pelo CAMA. Foi lá que eu cresci, fiz amigos, me casei e
tive minhas duas filhas. Só saí de Telêmaco para ir para a Inpacel. Passei uma
vida lá, foram mais de trinta anos.
P&V – Gostaria de deixar uma mensagem para os seus amigos de
Telêmaco?
FOCA – Com certeza. Que deus abençoe a todos que convivi, direta ou
indiretamente. Agradeço muito a todas essas pessoas que me deram uma base muito
grande através dos exemplos, que eu uso até hoje. Isso não tem preço.
Graças a essa base eu tenho princípios, hombridade e respeito pelo
próximo.
P&V – Qual a sua expectativa profissional na Europa?
FOCA – Eu quero continuar ajudando as pessoas que precisam. Muitos
brasileiros vão pra lá com um sonho de ficar rico e fazer festa. É muita
ilusão. Nesse sentido eu tenho a possibilidade de ajudá-los, inclusive
alertando para o fato de que muitos técnicos vêem o jogador como um produto,
não como ser humano.
Além disso, quero me qualificar cada vez mais. Lá tenho acesso a muitas
coisas e quero que minha família também aproveite isso.
Fonte:
Revista Ponto & Vírgula - 3ª Edição
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