segunda-feira, 10 de maio de 2010

Muito além do voto

Nem todos que estão em ano de vestibular já fizeram o título de eleitor. Mas não é apenas o voto que torna o jovem um cidadão atuante. Os movimentos estudantis marcaram a história do país e do mundo e podem cair no vestibular

 A participação política dos estudantes não se restringe ao voto em ano de eleições ou aos centros acadêmicos das universidades. Ao longo da história, jovens do mundo inteiro saíram às ruas para questionar governos, reivindicar direitos e constestar a política de seus países. Tanto em Maio de 68, na França, quanto em 1992 no Brasil, com os caras-pintadas, eles estiveram à frente de lutas que transformaram o cenário da vida pública da época.


Em um ano repleto de escândalos, em que jovens voltam a protestar contra as denúncias de corrupção no governo de Brasília e as fraudes na Assembleia Legislativa do Paraná, os movimentos estudantis podem cair no vestibular, inclusive na prova de redação.

Maio de 68 na França

Entre as manifestações estudantis que entraram para a história está o movimento conhecido como Maio de 68. Na década de 60, a França era formada por uma sociedade conservadora, comandada pelo general Charles De Gaulle. Descontes com a situação e as consequências da participação do país na Segunda Guerra Mundial, estudantes deixaram as salas de aula e passaram a lutar para que as mulheres tivessem liberdade de se expressar em casa e nas ruas e os direitos trabalhistas fossem os mesmos para todos.
Também reivindicavam uma educação menos rígida para as crianças. Algumas das frases que escreveram em faixas e muros ficaram marcadas na história, como “Sejam realistas, exijam o impossível” e “Se queres ser feliz, prende o teu proprietário".

Segundo o professor de His­tória do Curso Apogeu, Márcio José Vassani Santos, o movimento teve repercussões em vários países, como Alemanha, Espa­nha, Itália, Polônia e a então Iu­­goslávia – hoje Sérvia e Mon­tenegro.

No Brasil, em plena ditadura militar, as manifestações apareceram especialmente na música tropicalista de artistas como Caetano Veloso e Gal Costa. “Essa relação entre o que acontecia ao mesmo tempo na Europa e aqui é bastante cobrada nos vestibulares. A Universidade Federal do Paraná também pode pedir que o vestibulando leia um texto e comente o que mudou até então na participação política dos jovens”, diz Santos.

Caras-pintadas no Brasil

Entre a década de 60 e o início dos anos 90 houve outras participações estudantis em alguns movimentos importantes, como o das Diretas Já. Mas foi em 1992, com o governo de Fernando Collor de Mello, acusado de desvio de dinheiro e enriquecimento ilícito, que os estudantes tomaram a frente e pediram a saída do presidente.

Santos explica que os caras-pintadas, como os estudantes ficaram conhecidos por colocarem as cores verde e amarela no rosto, viviam em período democrático, o que facilitou o movimento. “Éramos uma nação menos rural, com mais gente na cidade e com acesso à televisão e a outros meios de comunicação. Esses fatores agregaram um número maior de jovens ao movimento”, afirma.

A União Nacional dos Estudantes (UNE), criada em 1937, teve participação importante nas manifestações. Junto com partidos políticos, a organização pediu o afastamento de Collor. Em junho, pouco mais de um mês após início dos protestos, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instaurada para apurar as denúncias. Em outubro, o Congresso Nacional iniciou a votação sobre o impeachment, que foi aprovado. Em dezembro, Collor renunciou e seu vice, Itamar Franco, assumiu o governo. Por: Anna Simas

Um comentário:

Anônimo disse...

os jovens estão tendo uma visão diferente ,se sentem livres pela liberdade de espressão ,e com certeza as urnas ,terão diferença.