Carnaval festejado, a Copa do Mundo voltará ao centro das atenções. A Câmara dos Deputados deve reiniciar a apreciação da Lei Geral da Copa, com falsas polêmicas como bebida alcoólica nos estádios e meia-entrada para estudantes e idosos.
Por sua vez, o Executivo deve intensificar o jogo de cena que opõe a presidente Dilma Rousseff à Fifa – em nome da soberania nacional -, fumaça densa para tentar disfarçar o que não dá mais para esconder: o fracasso na gestão e execução dos projetos Pró-Copa. Todos, sem exceção, com atrasos. Alguns tantos, ficção que nem mesmo no papel estão.
As obras dos estádios, que concentram as maiores atenções, são as únicas que andam. Ainda assim, entre o atrasado e o atrasadíssimo.
A encrenca é tamanha que o governo Dilma já nem atualiza a rubrica Copa 2014 no Portal da Transparência. As últimas informações do Ministério dos Esportes - aquele das estripulias de Orlando Silva, hoje nas mãos de Aldo Rabelo, do mesmo PCdoB do ex-ministro guilhotinado – são de novembro. E revelam escandalosa ineficiência.
Já a Infraero informou, em janeiro, que Cuiabá e Curitiba nem mesmo conseguiram concluir os projetos das reformas de seus aeroportos. Em Belo Horizonte, Confins também indica execução zero.
A salva-pátria é que se conseguiu – e com êxito – privatizar os aeroportos de Cumbica, Viracopos e Brasília.
Portos, então, é um descalabro total. Nenhum sequer concluiu projetos básicos. Mucuripe (CE) deveria ter encerrado a fase de projeto em agosto do ano passado. Nada. O mesmo ocorre com os terminais marítimos de Manaus, Natal, Salvador, Rio de Janeiro e Santos. Recife, único em que o projeto básico dependia exclusivamente do governo estadual, andou um pouquinho: terminou essa fase, mas parou por aí.
Mas nada é tão grave quanto a mobilidade urbana, tida como maior – e talvez o único – legado que a Copa 2014 poderia deixar para as 13 cidades que sediarão os jogos. Apenas 2,14% dos R$ 12,4 bilhões previstos para intervenções nas cidades sedes foram executados até agora. Das 50 obras previstas, só 18 saíram das pranchetas. A maioria delas, timidamente.
Sobram motivos para a presidente, com sua fama de gestora implacável, estar espumando. Mas de nada adiantará Dilma fazer cara feia, espernear, berrar, bater na mesa. A ela só resta apostar no sucesso do improviso, nas quase imbatíveis gambiarras nacionais. Nesses casos, a custos estratosféricos para os contribuintes.
A esses, a todos nós, resta a torcida de que a seleção canarinho nos encha de alegria e nos poupe de um vexame ainda maior.
Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa, @maryzaidan
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