quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Médico recusa paciente com transtorno mental

CONDIÇÃO A paciente precisou ser atendida na ambulância do Samu, em frente ao Hospital Municipal


Médico do Hospital Mu­nicipal (HM) de Ponta Grossa negou atendimento a paciente com transtornos mentais, na tarde de ontem. Silmara Morais buscava socorro para irmã, de 38 anos, que apresentava quadro de epilepsia. Encaminhadas pe­lo Serviço de Atendimento Mó­vel de Urgência (Samu), as duas chegaram a entrar no setor de atendimento do HM. Segundo Silmara, entretanto, um dos médicos de plantão afirmou que não prestaria socorro. Por conta da negativa, médico do Samu teve de ser chamado para aplicar sedativo na paciente.

“Acho um desrespeito. O Samu trouxe minha irmã com ataque epilético. Ela já havia tentado me agredir e quebrou a casa inteira. Chegando aqui, e já lá dentro do hospital, o médico disse que não prestaria socorro. Ele simplesmente virou as costas e saiu”, relata Silmara. A paciente já faz uso de medicamento controlado fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Ela conta que, essa, foi a primeira vez que houve negativa de atendimento. “Ela fica agressiva e, por diversas vezes, preciso buscar atendimento no Hospital Municipal. Essa foi a primeira vez que deixaram de prestar socorro. Agora, o Samu levará minha irmã novamente para casa, sem o atendimento que fomos buscar”, diz.

Indignada, ela caracteriza a situação como desrespeitosa. “Não é justo. Deixei uma outra irmã, que é surda-muda, em casa para buscar socorro. Chegamos aqui e negam o atendimento. É um desrespeito. O médico disse que não atenderia e virou as costas para minha irmã, que já estava de mãos e pernas amarradas, para conter o surto”, dispara, chorando.

O diretor administrativo do Hospital Municipal, Valter Lopes, acompanhou o atendimento prestado à paciente, do lado de fora do hospital, dentro da ambulância do Samu. “Em tese, o atendimento a pessoas em surto psiquiátrico deveria ser feito aqui. Não é de praxe negar atendimento nesses casos”, explica.

Lopes, entretanto, não soube informar o nome do médico que negou o atendimento. “A situação será verificada. O médico que negou o socorro poderá incorrer em algum tipo de sanção”.

Apesar da problemática, Lopes ressaltou que a população também precisa ser esclarecida a respeito de quais atendimentos são feitos no Hospital Municipal. “Os três médicos que temos seriam suficientes se somente casos mais graves fossem atendidos no hospital. As pessoas precisam buscar as unidades de saúde ou os CAS, em casos que não sejam de urgência e emergência”.

No final da tarde de ontem, o médico do HM recusou atendimento a outro paciente com problemas mentais.

Diário dos Campos: Luciana Almeida 

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