Dia destes, assistindo os informativos em rede nacional que falavam sobre as enchentes e os problemas que elas ocasionam, lembrei da querida cidade de Jaguariaíva (PR), na divisa com o Estado de São Paulo, há mais ou menos, 80 kms de Ponta Grossa, estrada esta pedagiada pela CCR Rodonorte, exatamente com três pedágios e um trecho bem cuidado, embora, depois de Piraí do Sul, ela se torne mais perigosa e sinuosa.
Certa vez, vindo de lá pra cá, antes dela ser pedagiada e com duas pistas, dirigindo um caminhão Ford, em uma das curvas mais perigosas do trecho, faltaram os freios e segurei o "baita" na marcha e no freio de mão, antes de uma ponte, quando terminavam as curvas e a descida.
A vista era maravilhosa: Do lado esquerdo, precipícios, penhascos. Do lado direito, um paredão. Ufa!
Quando o caminhão parou, havia feito "xixi" nas calças. Meu querido amigo Nilton Moróz estava branco feito fantasma e já havia coçado a barba, diversas vezes. - Meu editor, Castilho, já deve estar torcendo o nariz e pensando que é lorota. - Uma ova!
Aprendi a dirigir, desde muito cedo, "autos, cargas e motos". Minha carteira de habilitação prova isso. E aprendi na raça e prestando muito atenção em quem dirigia bem. E sem auto-escola! Naquele tempo não precisava disso e saiam bons motoristas pelas estradas da vida.
Mas, vamos ao caso das enchentes.
Na cidade de Jaguariaíva, dividida em duas, a parte de cima, onde aconteciam as grandiosas festas de agosto, dedicadas à Nosso Senhor Bom Jesus, e a parte de baixo, dedicada ao comércio e aos trabalhadores das Indústrias Matarazzo. Alguém, às vezes, comentava, bem sussurrado, pois a rivalidade entre as duas partes da cidade era latente: “Quem trabalha nesta cidade é o povo da cidade de baixo. Nós sustentamos Jaguariaíva. O povo do alto, dorme até mais tarde. Só Deus pra ajudar!
E vou te contar um segredo: Meus parentes eram da cidade de cima e, realmente, dormíamos até mais tarde e tínhamos uma aparência mais feliz, pelo menos quando eu passava as férias por lá, era assim que a "coisa" rolava!
O Rio Capivari cortava a cidade de baixo e provocava enchentes catastróficas, deixando a cidade em estado de calamidade e o povo sofria muito com tudo isso. Dizem os mais antigos que comentários maldosos davam conta de que o povo de cima, nessas ocorrências, ficavam nas encostas, rindo do povo de baixo. Maldade que não posso dizer se era verdade ou mentira. Existem algumas fotos antigas que comprovam o povo "admirando as águas do referido rio" em época de muita chuva e enchente.
A cidade da doutora Liliana Tavarnaro e do doutor Renato Vargas Guasque sofreu muito com essas enchentes. Até que, muitos anos depois, um prefeito de nome Silas G. Ayres, chamou sua secretária de Obras e, com parcos recursos, conseguiu dragar aquele rio. O problema foi amenizado. E em outra gestão, um prefeito, de nome Ademar Ferreira de Barros, mandando arrancar pedras e desviando rios, conseguiu fazer com que a cidade não sofresse mais com as tais chuvas enviadas pela Natureza, principalmente em janeiro.
Problema resolvido! Sem muita engenharia, mas com muito trabalho e respeito pelo povo, esta cidade não sofre mais com enchentes! Pelo menos, não tenho notícia disso nestes últimos tempos. E Jaguariaíva cresceu. Sua população aumentou! E o Rio Capivari continua seu curso, não provocando calamidades como as quem vêm ocorrendo em diversas cidades, tais como Sengés, União da Vitória, etc.
Será que os governos têm que aprender com aqueles prefeitos como fazer para acabarem, de vez, com estes problemas que deixam milhares de pessoas, principalmente, os de baixa renda, sofrendo e até morrendo, devido aos problemas de enchentes que acontecem todos os anos, pois as chuvas, graças a Deus, não vão deixar de acontecer, é o ciclo normal da Natureza Mãe?
É difícil, mas não impossível! Com responsabilidade e respeito, uma política social humana, bem desenvolvida, pode levar o povo, principalmente aqueles que vivem em cidades cortadas por rios, a não sofrer com este problemas que têm soluções, basta que nossos políticos saibam onde aplicar recursos que eles buscam e, muitas vezes, desviam!
Ou, então, chamem os prefeitos mencionados para que eles apresentem a receita milagrosa. Parece que Castro (PR), também não sofre mais com isso. E o terreno onde o Rio Iapó provocava tudo isso era de propriedade de um tio nosso, o Tio Deu (Eurides Teixeira Ávila de Mello), mestre de obras de uma construtora. Gente simples que ajudou a construir e fazer traçados nas estradas e rios.
Que sirvam os exemplos! Quem sabe alguém consiga gastar o dinheiro público em boas idéias!
P.S. Jaguariaíva tem peculiaridades que chamam a atenção. Uma delas é que o cidadão de nome João Bonito era o homem mais feio da cidade. A outra é que o local denominado Sertão de Cima fica embaixo. E o Lagoão não tem uma gota sequer de água. Fofocas que identificam esta querida cidade paranaense.
Se Deus quiser, ritorno!
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Por Cléo Teixeira é radialista, jornalista, apresentadora de TV a Cabo, escritora. Torcedora do Santos e seus meninos, e do Operário e seus guerreiros. Cantora nas horas de folga e amiga dos amigos verdadeiros.
Um comentário:
Sou de Jaguariaiva e com muito orgulho e adorei o relato!!!!!!!!!
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