O ser (dito) humano já não me surpreende mais, principalmente se a novidade for maléfica. Tenho andado cético em relação a nosso espécime, cada vez mais. O homem que nos oferta flores é o mesmo homem que apedreja uma mulher até a morte? É sim. E então, como depositar nesse “bicho homem” (procurem ler o poema com esse título, de autoria de Francisco Carvalho e já musicado por Fagner) algum fio de esperança?!
Se essa criatura que desce ao buraco mais fundo for a mesma criatura que voa nos céus, a qual devemos seguir? Como podemos crer ou descrer daquele que a si próprio não se conhece? Como garimpar semelhanças entre Madre Tereza de Calcutá e Margareth Tatcher?
Pois bem, voltemos ao nosso tempo e ao nosso país. Como podem coabitar um mesmo mundo Chico Xavier e José Sarney? Provavelmente estamos aqui de passagem para flexibilizar-nos sobre nossas incongruências de seres primários que ainda somos. Somente assim podemos explicar certos anúncios de vitórias do bem sobre o mal, do egoísta sobre o caridoso.
Fiz uma volta enorme para chegar ao debate interior que tenho travado comigo mesmo. É grande a minha ânsia de decodificar um programa chamado de “Big Brother”, exibido na TV aberta e que atrai a atenção de milhares (ou milhões, sei lá) de seres humanos a parar diante da telinha para prestigiá-lo.
É engano meu ou realmente a humanidade faliu, abriu concordata? Pelo menos parte dela, é claro. Mas uma fatia bastante significativa se observarmos os números do Ibope, e as conversas que ouvimos nos nossos lares, nas ruas, nos consultórios etc.
Se não faliu, o homem caminha para tal. E essa falência é pior do que a falência de órgãos. Claro que é. A falência moral e intelectual é uma prova inconteste de que realmente o “bicho homem” que acendeu a chama de Hiroshima é o mesmo que nos oferta um ramo de rimas; citando novamente aqui o poeta Francisco Carvalho.
“Big Brother Brasil” é sim o fundo do poço. E eu que cheguei a pensar um dia que o baixo mais baixo que podíamos descer era “Calcinha Preta” e “Tiririca”. Com que cara eu explicarei isso às crianças da minha casa? Como se seus pais e avós dão crédito a essas aberrações televisivas?
Não, eu não me sinto ultrapassado. Eu me sinto vitorioso. Isso mesmo. Vitorioso por não ter sido vencido pelo micróbio fatal da alienação e da degradação moral sendo vendida na mídia como algo digerível e moralizado. A mim não mais me farão de bobo. Foi-se o tempo em que eu acreditava em político e em Papai Noel.
Dia desses, meu sobrinho veio me perguntar o que era BBB, e eu corei de vergonha porque tive que dizer a ele que – em tese – era um programa de TV no que ele logo percebeu minha cara de mentiroso: “E aquele tal de estupro?”, perguntou-me do elevado de sua inocência. Esforcei-me – e acho que valeu a pena – para explicar a ele que “Estupro” era o nome de um daqueles idiotas promíscuos que nada têm a ver com ele e nem comigo.
Pois é. Até estupro acontece naquela “Casa”. E o Pedro Bial pelo qual um dia eu tive até certa admiração, com ar de caquético se prestando a ser um “grande irmão” daqueles seres amorais. Aonde vamos parar? Eu que agora me coloco cético em relação a tal da democracia, coro ao precisar mentir providencialmente ao meu sobrinho. Que vergonha!
Então decidi dizer a verdade a ele. Chamei-o e expliquei que aquilo lá é um depósito de lixo humano não-reciclável jogado ali para ver quem era o pior entre eles. E ele: “e qual é o pior, tio?”. Como eu jurei não mentir mais, me sai com essa: “São todos iguais nessa noite!”. E acrescentei: “Ainda bem que somos diferentes, e não estamos naquela casa”. Aí ele entendeu que aquele “mundo” é feito de espíritos decadentes, de seres perdidos; que um dia certamente serão levados ao caminho do bem.
Não enganem suas crianças. Digam a verdade a elas, mesmo que de uma maneira tênue, que não as faça cair no poço fundo da desesperança. O ser humano tem jeito sim. Quem não tem jeito é aquela escória do BBB.
Se essa criatura que desce ao buraco mais fundo for a mesma criatura que voa nos céus, a qual devemos seguir? Como podemos crer ou descrer daquele que a si próprio não se conhece? Como garimpar semelhanças entre Madre Tereza de Calcutá e Margareth Tatcher?
Pois bem, voltemos ao nosso tempo e ao nosso país. Como podem coabitar um mesmo mundo Chico Xavier e José Sarney? Provavelmente estamos aqui de passagem para flexibilizar-nos sobre nossas incongruências de seres primários que ainda somos. Somente assim podemos explicar certos anúncios de vitórias do bem sobre o mal, do egoísta sobre o caridoso.
Fiz uma volta enorme para chegar ao debate interior que tenho travado comigo mesmo. É grande a minha ânsia de decodificar um programa chamado de “Big Brother”, exibido na TV aberta e que atrai a atenção de milhares (ou milhões, sei lá) de seres humanos a parar diante da telinha para prestigiá-lo.
É engano meu ou realmente a humanidade faliu, abriu concordata? Pelo menos parte dela, é claro. Mas uma fatia bastante significativa se observarmos os números do Ibope, e as conversas que ouvimos nos nossos lares, nas ruas, nos consultórios etc.
Se não faliu, o homem caminha para tal. E essa falência é pior do que a falência de órgãos. Claro que é. A falência moral e intelectual é uma prova inconteste de que realmente o “bicho homem” que acendeu a chama de Hiroshima é o mesmo que nos oferta um ramo de rimas; citando novamente aqui o poeta Francisco Carvalho.
“Big Brother Brasil” é sim o fundo do poço. E eu que cheguei a pensar um dia que o baixo mais baixo que podíamos descer era “Calcinha Preta” e “Tiririca”. Com que cara eu explicarei isso às crianças da minha casa? Como se seus pais e avós dão crédito a essas aberrações televisivas?
Não, eu não me sinto ultrapassado. Eu me sinto vitorioso. Isso mesmo. Vitorioso por não ter sido vencido pelo micróbio fatal da alienação e da degradação moral sendo vendida na mídia como algo digerível e moralizado. A mim não mais me farão de bobo. Foi-se o tempo em que eu acreditava em político e em Papai Noel.
Dia desses, meu sobrinho veio me perguntar o que era BBB, e eu corei de vergonha porque tive que dizer a ele que – em tese – era um programa de TV no que ele logo percebeu minha cara de mentiroso: “E aquele tal de estupro?”, perguntou-me do elevado de sua inocência. Esforcei-me – e acho que valeu a pena – para explicar a ele que “Estupro” era o nome de um daqueles idiotas promíscuos que nada têm a ver com ele e nem comigo.
Pois é. Até estupro acontece naquela “Casa”. E o Pedro Bial pelo qual um dia eu tive até certa admiração, com ar de caquético se prestando a ser um “grande irmão” daqueles seres amorais. Aonde vamos parar? Eu que agora me coloco cético em relação a tal da democracia, coro ao precisar mentir providencialmente ao meu sobrinho. Que vergonha!
Então decidi dizer a verdade a ele. Chamei-o e expliquei que aquilo lá é um depósito de lixo humano não-reciclável jogado ali para ver quem era o pior entre eles. E ele: “e qual é o pior, tio?”. Como eu jurei não mentir mais, me sai com essa: “São todos iguais nessa noite!”. E acrescentei: “Ainda bem que somos diferentes, e não estamos naquela casa”. Aí ele entendeu que aquele “mundo” é feito de espíritos decadentes, de seres perdidos; que um dia certamente serão levados ao caminho do bem.
Não enganem suas crianças. Digam a verdade a elas, mesmo que de uma maneira tênue, que não as faça cair no poço fundo da desesperança. O ser humano tem jeito sim. Quem não tem jeito é aquela escória do BBB.
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