As árvores baixas em meio à vegetação rasteira, características do Centro-Oeste brasileiro, também são encontradas no estado das araucárias, na Região do Norte Pioneiro
No pedaço do bioma que ainda resta no Paraná é possível encontrar lagartos andando tranquilamente entre os arbustos. Com maior tempo de observação, e sorte, também podem ser vistos animais como tamanduá-bandeira, tatu e lobo-guará. “O Cerrado tem uma riqueza particular. Especialmente no Paraná, ele atrai muitos tipos de abelha, o que propicia a polinização”, lembra a bióloga Ângela Kuczach, técnica do programa Desmatamento Evitado da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).
Em uma pequena mancha de mata no Norte Pioneiro esconde-se uma raridade: um pedaço do Cerrado no Paraná. Segundo maior bioma do país depois da Amazônia brasileira, o Cerrado termina no Paraná após cobrir 15 estados. Castigada pelo avanço da agricultura e pelo corte predatório, essa vegetação ainda é encontrada no país em pouco mais de 103 mil hectares, aproximadamente 1,8 mil deles no Paraná.
Quem está acostumado com a abundância da Mata Atlântica e a imponência das araucárias, comuns no estado, pode estranhar o Cerrado paranaense num primeiro momento. Árvores mais baixas, retorcidas, com caules bastante finos e encobertos por cascas bem grossas, ao lado de áreas de campo ou de vegetação miúda, compreendem o cenário. Pequenos ramos de flores vermelhas, amarelas e roxas se destacam entre o verde.
Nos estados mais quentes, as áreas de Cerrado contêm árvores mais baixas e áreas de campo. No Paraná, que é o único estado do Sul a ter um pedaço da vegetação, encontram-se até mesmo florestas de arbustos. Uma das causas do maior crescimento das árvores é a grande umidade do solo. “As árvores podem chegar a oito metros de altura”, lembra Ângela. No centro do país, os arbustos têm, em média, um metro.
Desmatamento
Dos 203,6 mil hectares que cobriam o Brasil, restam apenas 51%. O diretor de Políticas de Controle de Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, Mauro Pires, mostra que o ritmo de devastação vem caindo: passou de 14,2 mil quilômetros quadrados em 2008 para 7,4 mil em 2009 e 6,4 mil em 2010. No Paraná, a área desmatada entre 2009 e 2010 representa 0,03% do bioma original do estado, um quilômetro quadrado.
O Cerrado é o segundo maior bioma devastado no país, depois da Floresta Amazônica. “É importante preservá-lo devido às características ambientais, sociais e econômicas, porque quem vive no entorno precisa do bioma preservado”, acrescenta Pires. Ele explica que o Cerrado pode ser usado, por exemplo, como vegetação medicinal, e para o desenvolvimento do ecoturismo.
Apenas 8,21% da vegetação nacional de Cerrado pertence a unidades de conservação. Dessa fatia, 2,85% têm proteção integral e 5,36% têm uso sustentável, incluindo áreas particulares. No Paraná, quase toda a vegetação está no Parque Estadual do Cerrado, entre os municípios de Jaguariaíva e Sengés. O bioma também é encontrado de forma muito esparsa por outras regiões do estado
Fonte: Gazeta do Povo
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