Amigos de Plutão seria senha para contornar segredo de justiça que protege processo de investigação.
Brasília, 10 (AE) - O líder do PFL no Senado, Heráclito Fortes (PI), revelou hoje que a ONG Amigos de Plutão, à qual foi atribuída um repasse de verba pelo governo federal de R$ 7,5 milhões, é um nome fictício que a oposição usa como senha para se referir a uma outra ONG, catarinense, que teve entre seus integrantes a filha do presidente Luis Inácio Lula da Silva, Lurian, e seu churrasqueiro, Jorge Lorenzetti. O senador justificou a senha da oposição como forma de contornar o segredo de justiça que protege o processo de investigação sobre o repasse de verbas federais para a ONG verdadeira.
O senador fez a revelação no contexto de uma acalorada discussão com a líder do governo no Senado, Ideli Salvatti (SC), a quem acusou de esconder os delitos cometidos por ONGs de seu Estado, especificamente a que teve participação de Lurian e Lorenzetti. Ele não nominou essa ONG, mas trata-se da "Rede 13", da cidade de Blumenau, cujo comando Lurian repassou a Lorenzetti, antes de sua extinção. A denúncia original de irregularidades na ONG foi feita pelo jornalista Fernando Bond, que trabalhou na "Rede 13" durante três meses. Ele contou que a ONG tinha um rombo de R$ 70 mil, coberto por Lorenzetti, que o PT escalara para intervir na entidade, para fechá-la, com receio de a história vir a público envolvendo a filha do presidente da República.
A revelação de Heráclito escapou num momento de irritação com a senadora Ideli Salvatti que o acusara de criar um factóide, justamente por fazer uma denúncia contra uma entidade fictícia. Ideli fez a acusação e se retirou do plenário. A denúncia do jornalista Fernando Bond, objeto de investigação, vai mais longe ao levantar a suspeita de que a ONG de Lurian servira de veículo para repasse de verbas públicas a petistas."V.Exa. me deu oportunidade de explicar quem são os amigos de Plutão. Os amigos de Plutão moram em Blumenau e a ONG é de Lorenzetti, a ONG é da senhora Lurian", disse, dirigindo-se a Ideli, que já abandonara o plenário. Para o senador, ninguém melhor do que a líder petista sabe do que ele está falando. "Tanto é que sai desesperada do plenário" emendou. Ideli alegara um vôo marcado para não dar apartes à oposição. "Não irei de AeroLula porque não vou acompanhar o presidente em nenhuma atividade oficial dele", debochou ela, dando prosseguimento ao discurso em que condenava as críticas do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, à compra do avião presidencial.
Ideli disse que o valor da locação de veículos e aeronaves no governo de São Paulo cresce 623% entre 2001 e 2005. "O período do senhor Geraldo Alckmin, passando de R$5,39 milhões para R$ 39 04 milhões", disse a líder. Heráclito lamentou o fato dela levar ao plenário "alguns esclarecimentos" sobre o debate de domingo, mas deixando de fora explicações sobre os gastos do cartão corporativo utilizado por membros do governo. O senador lembrou que as dúvidas sobre o AeroLula surgiram desde que ele foi encomendado, "sem licitação e pago adiantado". Ele disse que aguardava Ideli falar da ONG de Lurian. "Plutão existe e mora aqui. Eis o Plutão, Brasil! Venha, senadora Ideli, falar sobre as ONGs de Blumenau. Venha, senadora Ideli, prestar conta à Nação desse processo que corre em segredo de Justiça. Afinal, V Exa. permitiu que o segredo fosse revelado. Eis o Plutão! preste contas à Nação", concluiu aos berros.
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