Começa hoje a última semana de 2011 e com ela apressam-se as resoluções de ano novo, as previsões dos búzios, de pais e mães de santo, os desígnios do horóscopo chinês para o Ano do Dragão e tantas outras mandingas.
Por fé ou simples diversão, poucos são os que descartam a quase infinita parafernália para se enxergar o futuro. Talvez porque nelas, crédulos e incréus demonstrem o sentimento mais simples: o de esperança. E por dias melhores, é claro.
Na política, nem adianta esperar por reformas. A mãe de todas passou mais um ano em debate, mas ainda está longe do plenário da Câmara dos Deputados. E lá não chega em 2012, ano que dura só meio devido às eleições municipais de outubro. A tributária, essa sumiu.
Muito menos têm chances de prosperar apostas em mudanças do modus operandi do poder executivo – sempre o dono da bola, seja na União, nos estados ou nos municípios -, da Câmara, do Senado e das demais casas legislativas do país. Nem mesmo da Justiça, cada vez mais tardia e falha.
Reforma ministerial com o fim das sesmarias partidárias, punição para entes públicos que surrupiam dinheiro do contribuinte, só serão preditos por charlatães. O mesmo vale para preços condizentes e sem aditamentos contratuais nas obras da Copa ou novas regras para ONGs. E ainda para a administração eficiente da gestora-mor Dilma Rousseff. Ela, ao que parece continuará protegendo os seus dos “malfeitos” com os quais diz não compactuar.
Mas quem sabe 2012 surpreende a todos com soluções para outras pendengas, algumas delas arrastando-se há anos. A começar pelo julgamento do mensalão, maior escândalo da história contemporânea da República, com 38 réus, tendo à frente o ex-ministro José Dirceu, definido como chefe da quadrilha pelo procurador-geral.
Dizem os mais otimistas que o STF pode julgá-lo ainda no primeiro semestre. Se assim não for, acabará, de novo, na listinha de expectativas para o outro ano, o de 2013.
Outra boa nova: a lei da Ficha Limpa pode entrar para valer, vetando condenados de disputarem votos. Seria um grande avanço vê-la funcionar nas eleições para prefeitos e vereadores das 5.565 cidades brasileiras. Admitir que o país precisasse de uma legislação adicional para vedar o óbvio é danado. Mas dá ânimo imaginar que, enfim, o eleitor poderá ter mecanismos reais para impedir que bandidos se apresentem para representá-los.
Já será um ano e tanto se pelo menos essas duas expectativas – julgamento do mensalão e a lei da Ficha Limpa – se realizarem. Do contrário, melhor saltar direto para o Ano da Serpente.
Feliz ano novo.
Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa, @maryzaidan
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