sábado, 5 de junho de 2010

Famosos viram “iscas” eleitorais

A receita é antiga e simples: para conquistar uma votação recorde e conquistar o maior número de cadeiras no Congresso, os partidos apostam em candidatos sem traquejo político, mas conhecidos nacionalmente. O modelo será repetido nas eleições deste ano por diversas siglas, que apostam em candidatos que puxam votos, as chamadas “iscas” eleitorais, para engordar o chamado “quociente eleitoral” e, consequentemente, suas bancadas federais e estaduais. O “quociente” é um cálculo que permite que um partido com um candidato muitíssimo votado eleja junto com ele outros com bem menos votos.


Depois de rifar a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência, o PSB prepara-se para tentar dobrar sua bancada na Câmara, investindo nessa ideia. Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, os socialistas decidiram lançar o ex-jogador de futebol Marcelinho Carioca para a Câmara Federal.

A expectativa do PSB é que, com Marcelinho Carioca no páreo, as chances de seus aliados se elegeram com menos votos serão maiores. Pelas previsões do partido, o ex-jogador deverá ter em torno de 500 mil votos, levando a reboque os comunistas e deputados do PR.

No Rio de Janeiro, o PSB aposta no também jogador de futebol Romário. Apesar de apoiar a reeleição de Sérgio Cabral para o governo, o partido não quer se coligar formalmente com o PMDB nas eleições para a Câmara. Com a expectativa de que Romário seja um dos deputados mais votados, o PSB acha que sozinho conseguirá eleger até 5 deputados federais.
“Estamos nos popularizando sem vulgarizar. Acho que o Romário terá uns 350 mil votos”, diz o presidente do PSB do Rio, deputado Alexandre Cardoso. E para conquistar votos nada melhor que pôr o ídolo perto do eleitor. “Vou contratar professores de educação física, levá-los para ensinar em comunidades carentes. Aí o Romário vai, bate um pênalti. Já imaginou o sucesso disso?”


Não é só o PSB que está de olho nos puxadores de voto. No Rio, o PSol vai lançar o escritor Jean Willys, vencedor do Big Brother Brasil em 2005. O cantor Marcelo Yuka, do Rappa, é outro que deve disputar uma vaga na Câmara pela legenda. “São figuras que não têm trajetória política, mas têm grande popularidade e que vão ajudar a eleger outros deputados”, resume Chico Alencar (PSol-RJ).

O PCdoB é outro que vai investir em “iscas” eleitorais para tentar conquistar mais cadeiras no Congresso. Os comunistas pretendem lançar o cantor e apresentador Netinho de Paula ao Senado por São Paulo. A cantora Lecy Brandão também deverá entrar na corrida eleitoral, mas por uma vaga na Câmara. O delegado Protógenes Queiróz vai disputar uma cadeira de deputado federal pelo PCdoB paulista.

A estratégia dos partidos de lançar mão de “iscas” eleitorais para aumentar suas bancadas não é uma novidade. Foi com base na votação estrondosa de 1.573.642 votos do ex-deputado Enéas Carneiro, em 2002, que o minúsculo Prona elegeu cinco deputados federais por São Paulo – três deles, tiveram menos de mil votos. Paulo Maluf (PP-SP) é outro notório puxador de votos. Nas eleições de 2006, ele obteve 739.827 votos. Seu colega de partido, o deputado Celso Russomanno também teve uma votação expressiva: foram 573.524 votos. Conclusão: ambos elegeram a deputada Aline Corrêa, que teve apenas 11.132 votos.
Voto Consciente Gazeta do Povo

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