sábado, 5 de junho de 2010

Polêmica do dossiê faz jornalista deixar QG de Dilma

O jornalista Luiz Lanzetta ,dono da Lanza Comunicação, formalizou seu pedido de afastamento da campanha de Dilma Rousseff.

Deu-se neste sábado (5), por meio de uma carta, informa o repórter Fernando Rodrigues.

Lanzetta decidiu se desligar da campanha, segundo conta, depois de ler, de madrugada, a entrevista do delegado Onézimo Sousa.

Aposentado da PF, Onézimo afirmara que Lanzetta lhe havia proposto a constituição de um esquema para espionar, entre outros, o tucano José Serra.


Lanzetta não nega a reunião. Mas dá uma versão diferente. Diz que não propôs coisa nenhuma. Sustenta ter ouvido uma proposta:

"Ele [Onézimo] veio se oferecer para acompanhar o Marcelo Itagiba [deputado federal pelo PSDB do Rio]...”

“...Disseram que sabiam que o Marcelo Itagiba estava trabalhando, porque já trabalharam na equipe dele e o conheceram...”

“...Falaram que o Marcelo Itagiba [delegado licenciado da PF] estava fazendo cem dossiês contra a base aliada...”

“...Estaria fazendo isso com uma série de ex-agentes da Polícia Federal e da Abin, no gabinete dele. Essa informação era o que eles queriam dar e depois se ofereceram para ir atrás disso...”

“...Era uma coisa um pouco pirotécnica. Mas da nossa parte nada prosperou. É impressionante: é uma coisa da qual caímos fora e ficou como se tivéssemos feito".


Vai abaixo a entrevista que Lanzetta concedeu a Fernando Rodrigues:

- Quem estava na reunião de 20 de abril no restaurante Fritz, em Brasília?
Cinco pessoas. Onésimo, Amaury, o Dadá, o Benedito e eu.

- Quem marcou a reunião e fez os convites?
Eu não me lembro.

- Por que pessoas como o Benedito e o Amaury estavam nessa reunião?
O Benedito estava lá até para me servir de testemunha agora. Até porque o Onésimo parece ter sido acometido por uma crise de ética que ficou retida por dois meses. Ele chegou ao encontro dizendo que transportava dinheiro. Os dois, ele e o Dadá, falaram ter conhecimento de que o Marcelo Itagiba estaria montando cem dossiês. Ofereceram-se.

- Como foram os contatos seguintes?
Nunca mais vi os dois. O fato a ser dito é que não foi feito nenhum contrato.

- Numa entrevista, Onésimo falou ter sido proposto a ele grampear e espionar pessoas. Isso não é fato?
Ele que ofereceu serviços de espionagem. Eu fui lá ouvir. Levantei e fui embora.

- Mas Onésimo é muito assertivo ao dizer que foi proposto a ele buscar dados da vida pessoal do pré-candidato José Serra.
Não é verdade. Não se tratou de Serra. Ele montou essa reunião agora para dar essa mídia toda. Não teve isso. Eu fui para uma reunião, ouço um monte de coisa, levanto e vou embora. Não faço contrato. Nunca mais falo com a pessoa. De repente aparece como se fosse uma proposta minha? Eu nunca mais quis encontrar com ele.
Ele veio se oferecer para acompanhar o Marcelo Itagiba. Disseram que sabiam que o Marcelo Itagiba estava trabalhando porque já trabalharam na equipe dele e o conheceram.

Mas Onésimo se ofereceu explicitamente para investigar Marcelo Itagiba?
Explicitamente.

- Qual serviço exatamente foi oferecido?
Eles começaram a falar o que eles têm de serviço. Demonstram como seguem, como gravam. Essas coisas todas. Eu comecei nem prestar mais atenção. Eles falaram que o Marcelo Itagiba estava fazendo cem dossiês contra a base aliada. Estaria fazendo isso com uma série de ex-agentes da Polícia Federal e da Abin no gabinete dele. Essa informação era o que eles queriam dar e depois se ofereceram para ir atrás disso. Era uma coisa um pouco pirotécnica. Mas da nossa parte nada prosperou. É impressionante: é uma coisa da qual caímos fora e ficou como se tivéssemos feito.

- Onésimo diz ter sido convidado para a reunião no Fritz pelo Pimentel. Isso ocorreu?
É delírio. O Pimentel nem sabia disso. Só fui falar depois, quando começou a aparecer essa reunião. Falei para ele como tinha sido e que nada havia sido acertado.

- Há uma informação de que Fernando Pimentel tinha conhecimento sobre a finalização da apuração que Amaury Ribeiro Jr. fazia, sobre privatizações e negócios de Verônica, filha de José Serra. Como se dava essa troca de informações?
Não tinha. De minha parte, não.

- Mas o Amaury poderia falar diretamente com Pimentel?
Ah... só se houve algo assim. Porque nunca houve reunião que eu tenha visto dos dois.

- Há também uma informação de que por algum canal, da pré-campanha ou do PT, Amaury Ribeiro teria sido remunerado regularmente para continuar suas apurações. Essa informação é real?
Não tenho conhecimento. Pelo que eu sei não houve nada. O Amaury tem recursos para tocar a vida dele.

- Quais serão seus próximos passos na pré-campanha?
Hoje devo soltar uma nota a respeito de tudo. Tudo o que aconteceu diz respeito a mim. A reunião foi um ato feito voluntariamente por mim. Hoje [ontem] eu mandei uma carta para a pré-campanha e me desliguei. E agora ficou claro que não tem central de arapongas e dossiês porque ninguém foi contratado. Então eu posso me desligar e me aliviar e ir embora. Ninguém foi contratado, não existe. Mandei uma carta hoje [ontem] de madrugada. Quando eu vi as entrevistas [de Onésimo e uma reportagem sobre Dadá] eu pensei: 'Dá para falar'. Fiquei tranquilo porque tudo está no meu âmbito. A carta foi para algumas pessoas, mas basicamente para a Helena Chagas.

- Mas o seu contrato não vai até o final de junho?
Eu estou saindo pessoalmente. O meu contrato eu estou abrindo mão e com grande alívio.

- Mas se ao seu juízo nada errado foi feito, por que então sair da campanha?
Por que não tenho como ficar na campanha nessa situação. É melhor para todos a minha saída. Foram 40 dias dizendo que eu fiz uma coisa que eu não fiz. E o principal é que ficou esclarecido que nenhum negócio foi feito como nos acusaram.
Blog do Josias de Souza

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