Vitória e os pais, Nelcimara e Carlos: audição será recuperada em breve.
Depois de conseguirem, no final do ano passado, credenciamento junto ao Ministério da Saúde para realizar o chamado transplante coclear pelo Sistema Único de Saúde (SUS), dois hospitais paranaenses anunciaram, com poucos dias de diferença, a realização do procedimento.
Na última semana, o Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba realizou o primeiro implante coclear pelo SUS no Paraná. O Hospital Pequeno Príncipe (HPP), também na capital, fez o segundo, ontem. A cirurgia devolve a audição a pessoas com surdez severa.
No HC, o paciente de Curitiba Jonathan Veloso, de 18 anos, voltará a ouvir daqui um mês. O médico responsável pelo procedimento, Rogério Hamerschmidt, explica que é realizado um pequeno corte atrás da orelha, onde é colocado o aparelho.
Depois da cicatrização é instalado um aparelho externo, e só então a pessoa passa a ouvir, com volumes gradativos. O paciente normalmente tem alta no mesmo dia.
“Foram dez anos de luta para conseguir a liberação. Consideramos esse implante uma evolução tão grande como foi a do transplante de medula, há dez anos”, comemorou o otorrinolaringologista.
O implante coclear (a cóclea se localiza no ouvido, atrás do labirinto) pode ser feito em casos de surdez severa, em pacientes que nasceram surdos ou, ainda, naqueles que perderam a audição durante a vida. Não é uma novidade, pois foi criado fora do Brasil em 1957. Porém, só começou a ser feito no país em 1990, em Bauru (SP). No Paraná, é realizado há alguns anos, mas somente de forma particular ou por convênios. O aparelho custa em torno de R$ 60 mil.
Vitória
O HPP já realizou pelo menos 100 procedimentos deste tipo, mas ontem fez o primeiro pelo SUS. A diarista Nelcimara Schmidt, mãe da paciente Vitória, de apenas três anos, que recebeu o implante ontem, comemorou. “Ela já nasceu com o problema, mas só foi descoberto na creche. Agora fiquei mais tranquila e feliz”, disse.
Nelcimara vive em Iretama, no norte do Paraná e o pai da menina, o técnico em informática Carlos de França, mora em São José dos Pinhais. O HPP vai treinar uma fonoaudióloga de Iretama, pois segundo o médico coordenador do Grupo de Implante Coclear do hospital, Rodrigo Pereira, a cirurgia foi só o começo.
“Em crianças sempre temos bons resultados. Hoje temos a vitória da Vitória, mas não se trata de uma intervenção milagrosa. Agora é que vai começar o trabalho”, brincou, lembrando que o acompanhamento pós-cirúrgico é fundamental na recuperação. Estima-se que nasçam em Curitiba de nove a dez crianças com surdez severa, a cada mês. Somente no HC a fila para o implante já chega a 20 pessoas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário