Permanecem os mistérios sobre a operação do Banco Panamericano que hoje devem ser em parte explicados em entrevistas do Fundo Garantidor de Crédito e, espera-se, do Banco Central.
O FGC deu um empréstimo ao Grupo Silvio Santos de R$ 2,5 bilhões para que o controlador do banco pudesse cobrir o rombo nas contas do banco. Só que não é um rombo qualquer, a fraude contábil abriu um buraco maior do que o patrimônio do banco e isso é caso que configura uma necessidade de intervenção para liquidação. Para evitar isso o FGC está emprestando o dinheiro para o grupo Silvio Santos.
Na época do Proer foi criado esse fundo por ordem do Banco Central. Ele é dos bancos: as instituições financeiras é que depositam o dinheiro para capitalizar o fundo. Para ser sacado todos os bancos participantes têm que ser consultados. A dúvida é por que foi esse o caminho e não o que estabelece a lei do Proer que manda intervir para liquidar ou vender mas com os controladores e administradores respondendo com seus bens pelos eventuais prejuizos da operação.
Outra dúvida que não quer calar é como isso não foi visto pelo Banco Central nem pela Caixa Econômicas nas auditorias que tiveram que fazer para que o BC autorizasse a Caixa a comprar parte do banco. Hoje a Caixa tem 49% do capital votante do banco e a autorização foi dada em julho quando a fraude já tinha sido cometida. Estava lá nos registros e nem CEF nem BC viram.
O Banco Central ontem nada disse como se fosse um caso menor, do setor privado e resolvido pelo setor privado, mas como autoridade responsável pela fiscalização do mercado financeiro ele tem hoje que explicar toda essa situação e inclusive tranquilizar a população de que outros bancos não seráo afetados. Particularmente eu acho que outros bancos não estão sob risco porque esse é um banco de apenas concessão de crédito ao consumidor sem atuar no varejo com contas correntes.
Mas quem tem que garantir isso é o BC. Ontem as ações de todos os bancos cairam. Para restabelecer a confiança no sistema - função principal da autoridade monetária - ele tem hoje que explicar as razões, as dimensões, as providências e falhas desse caso. E a Caixa tem explicações a dar também.
Ontem tudo o que aconteceu foi um comunicado do próprio Banco Panamericano à Comissão de Valores Mobiliários. Mas quando o assunto é banco o que não se pode deixar no ar são dúvidas e elas estão no ar.
Ouçam aqui o comentário da CBN.
Miriam Leitão
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