terça-feira, 2 de novembro de 2010

Disputa por cargos na Caixa, BB e Petrobras acirra briga entre PMDB e PT

A disputa até então equilibrada entre o PT e o PMDB pelos cargos-chave na Caixa Econômica Federal - instituição que executa os programas sociais do governo e, em especial, o Minha Casa Minha Vida - já começa a se acirrar. De um lado, há o desejo de Moreira Franco (PMDB-RJ), que atuou na coordenação da companha de Dilma Rousseff, de assumir a presidência do banco, nas mãos do PT desde 2003.


Para acomodar Moreira Franco, os petistas teriam que abrir mão de Maria Fernanda Coelho, militante do PT desde a época das greves dos bancários de Recife (PE). Ela assumiu o lugar de Jorge Mattoso, que caiu junto com Antonio Palocci no escândalo da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.

Para o ex-líder do PT Maurício Rands (PE), Maria Fernanda deve ser mantida, pois reúne vantagens, como ser funcionária de carreira e ter participado da gestão da execução de um dos programas preferidos da futura presidente Dilma Rousseff, o Minha Casa Minha Vida.

- A briga vai ser difícil. O ideal é Dilma manter a Fernanda - disse Rands, defendendo que as negociações fiquem restritas às 11 vice-presidências da Caixa.

Moreira disse que ainda não conversou sobre o assunto. Ele já foi vice-presidente de Loterias e Fundos de Governo da Caixa, cargo que deixou para ingressar na campanha de Dilma.

Banco do Brasil vai ser um dos alvos da disputa

O Banco do Brasil (BB), maior instituição financeira do país e com ativos de R$ 725 bilhões, vai ser um dos principais palcos de disputa. Nos bastidores, é dada como praticamente certa a saída do presidente do banco, Aldemir Bendini, e nomes de funcionários começam a despontar como sucessores.

Bendini estaria trabalhando para emplacar o atual vice-presidente de Varejo, Alexandre Abreu, com perfil técnico. Na outra ponta, aparece o vice-presidente de Tecnologia, Geraldo Dezena da Silva, funcionário do banco, mas próximo ao PT, apesar de não ser filiado.

Também circula o nome de Ricardo Flores, que foi vice-presidente de Crédito do BB e desde junho comanda a Previ, fundo de pensão dos funcionários do BB. O nome do vice-presidente de Negócios de Varejo, Rogério Caffarelli, foi cogitado e descartado.

A disputa envolverá os partidos da base aliada, mas o PT não pretende diminuir seu peso no BB. A única certeza na estatal é que, sob a batuta de Dilma, não haverá mudanças na política de atuação do banco, que continuará atuando fortemente na área de crédito e em sua expansão no mercado interno e no internacional.

Na Petrobras, a menina dos olhos da base aliada é a diretoria de Exploração e Produção (E&P), responsável pelos projetos do pré-sal e que concentrará 53% dos US$ 224 bilhões em investimentos previstos no Plano de Negócios da companhia para o período 2010-2014.

Hoje, as seis diretorias da Petrobras são ocupada por funcionários de carreira da empresa, apoiados por PT ou PMDB. A diretoria de E&P é uma das que estão na cota do PT. É ocupada por Guilherme Estrella, conhecido por suas ideias nacionalistas e que resiste no cargo desde o início do primeiro mandato de Lula.

Em 2005, o então presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), disse que queria "a diretoria que fura poço e acha petróleo", referindo-se à área de E&P. Mas não conseguiu. Há dois anos, o PMDB tentou levar para o posto de Estrella o atual diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa. A estratégia não foi à frente.

Outros nomes pertencem ao PT

Os outros três indicados do PT são Almir Barbassa (Financeiro), Renato de Souza Duque (Serviços) e Maria das Graças Silva Foster (Gás e Energia). Esta é muito próxima a Dilma, o que deve lhe garantir lugar de destaque no novo governo. Graça já foi secretária de Petróleo e Gás quando Dilma era ministra de Minas e Energia e chegou a ocupar a presidência de duas subsidiárias da Petrobras, a Petroquisa e a BR Distribuidora. Em setembro de 2007, assumiu a diretoria de Gás e Energia da Petrobras.

Na cota do PMDB, além de Costa, está Jorge Zelada (Internacional). No novo arranjo de cargos, é possível que os interesses de peemedebistas sejam acomodados em uma nova diretoria que deverá ser criada em breve e que deverá se chamar diretoria de Gestão. A ideia, segundo o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, é que o novo diretor assuma tarefas ligadas às áreas jurídica e de comunicação, entre outras.

Quanto à presidência da estatal, há consenso no mercado de que Gabrielli, indicado por petistas, deve continuar no cargo. O sucesso da capitalização da companhia em setembro passado, considerada a maior da História, deve pesar a seu favor. Também é grande a expectativa de uma dança das cadeiras nas duas principais subsidiárias da Petrobras, a Transpetro e a BR. Na primeira, Sergio Machado, filiado ao PMDB, mantém-se no cargo desde junho de 2003. Na BR, o PTB de Fernando Collor vinha costurando nos bastidores um acordo político para indicar o novo presidente da empresa.

O Globo

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