segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

SEM AULAS, SENGÉS TENTA RESTABELECER ACESSOS AO MUNICÍPIO

08/02/2010 - 18h23
Sem aulas, Sengés (PR) tenta restabelecer acessos ao município após fortes chuvas
Raquel Maldonado
Do UOL Notícias
Em São Paulo

Após mais de uma semana, o município paranaense de Sengés (230 km de Curitiba), na divisa com São Paulo, ainda segue contabilizando os prejuízos causados pela forte chuva que atingiu toda a região norte do Paraná. Segundo Moysés Lupion Neto, diretor de operação da Defesa Civil municipal, a prioridade é trabalhar para restabelecer os acessos ao município.

Segundo a Rodonorte, concessionária que administra as rodovias PR-151 e PR-239, ambas afetadas pelas chuvas, o tráfego foi restabelecido de forma precária. A assessoria de imprensa da concessionária informou que carros de passeio e veículos comerciais de pequeno porte já estão sendo liberados. Apesar disso, ainda há interrupções programadas para dar continuidade aos serviços de recuperação das rodovias. A Rodonorte alerta que o tráfego no local deve ser evitado.

As aulas, que deveriam ter recomeçado hoje, só começarão no início de março. O diretor de operação da Defesa Civil afirma que devido aos acessos danificados, entre eles as duas pontes que cortam o município, muitas crianças teriam dificuldade para chegar até a escola. Lupion Neto também afirma que muitas crianças foram afetadas direta ou indiretamente pelas chuvas e que não teriam "condições psicológicas" para frequentar as aulas neste momento.

O prefeito da cidade, Walter Juliano Dória, decretou situação de emergência no dia seguinte às chuvas. Entretanto, a Defesa Civil estadual não reconheceu o decreto por considerar que primeiro a cidade deve ser submetida a uma avaliação dos danos. “Somente depois que essa avaliação for entregue é que o Estado vai decidir se homologa ou não o decreto”, afirmou o subtenente da Defesa Civil estadual Luiz Claudio Trierweiler.

O município ficou isolado até sexta-feira passada (5) depois que as duas pontes que ligam Sengés a São José da Boa Vista e a Itararé caíram com a cheia dos rios que cortam as cidades. As redes de telefonia fixa e móvel, assim como o abastecimento de água e energia elétrica só foram normalizados no final de semana passada. Ainda assim, a Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), informou que os bairros localizados na parte alta da cidade ainda sentem o efeito da falta de água, devido aos diversos pontos de vazamento, o que provoca baixa pressão e impede o bombeamento da água para todas as regiões.

Segundo o último levantamento divulgado pela prefeitura, 386 imóveis foram atingidos pelos temporais. De acordo com Lupion Neto, alguns deles tiveram a estrutura totalmente abalada e terão de ser destruídos, outros necessitam de uma vistoria para que voltem a ser reocupados.

Vítimas
Todas as cinco mortes confirmadas pela Defesa Civil do Paraná até o momento foram registradas no município de Sengés. A prefeitura também informou que outras 929 pessoas (223 famílias) também foram afetadas pelas chuvas. Dessas, quatro famílias e um homem sozinho estavam em um abrigo improvisado da prefeitura. Os demais moradores foram para casas de amigos e parentes. “Até agora a prefeitura estava ajudando essas pessoas com água, comida e roupas, mas daqui a pouco é hora de pensar em reconstruir tudo o que eles perderam. Isso é o mais difícil”, afirmou a assistente social da prefeitura, Andréia Ribeiro.

Segundo Talita Soares, secretária da Associação Comercial de Sengés, o comércio na cidade ainda não voltou ao normal. “Muitas lojas não abriram ainda e muitas que abriram estão fazendo liquidações para tentar diminuir o prejuízo”, relata.

Juliana Nazário, proprietária de uma loja de cosméticos que foi destruída pelo temporal, relata que a água subiu muito rápido e que não teve como salvar a mercadoria. “Tentamos tirar alguma coisa, mas quando nos demos conta a água já estava na altura do joelho. Então decidimos deixar tudo para trás e sair da loja”, disse a comerciante.

Juliana diz que não procurou ajuda da prefeitura para reconstruir seu negócio. “Não posso esperar, tenho fornecedores para pagar e agora não estou trabalhando. Vou tentar reconstruir a loja eu mesma.”

Balanço em todo o Estado
O número de vítimas dos temporais que atingiram o norte do Estado Paraná nos últimos dias não para de aumentar. Segundo o último levantamento da Defesa Civil estadual, 69.437 pessoas foram afetadas, sendo que 784 estão desabrigadas (dependem de abrigos públicos) e 4.353 seguem desalojadas (foram para casas de parentes e amigos).

Subiu para 31 o número de municípios que tiveram algum tipo de prejuízo.
São eles: Almirante Tamandaré, Arapoti, Araucária, Bocaiúva do Sul, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Campo Magro, Colombo, Doutor Ulisses, Guarapuava, Ibaiti, Ibiporã, Jaboti, Jaguariaíva, Pinhalão, Pinhais, Piraquara, Ponta Grossa, São José da Boa Vista, Sapopema, Sengés, Tomazina, Wenceslau Braz, São Jerônimo da Serra, Siqueira Campos, Paranacity, Ortigueira e Santo Antônio da Platina.

Segundo o subtenente Luiz Claudio Trierweiler, o aumento frequente no número de vítimas não significa que estão surgindo novos casos, mas é devido a um aperfeiçoamento no levantamento que está sendo feito por agentes do Corpo de Bombeiros. “Num primeiro momento é impossível passar de porta em porta para saber quantas pessoas vivem em cada casa, porém agora que a situação está estável estamos fazendo um balanço mais completo”, diz o subtenente.

Situação de emergência
Já são nove os municípios que decretaram situação de emergência no Estado. As cidades de São José da Boa Vista, Tomazina, Pinhalão, Arapoti, São Jeronimo da Serra, Sapopema, Siqueira Campos, Ibaiti e Campo Magro esperam agora pela homologação do decreto pelo governo estadual para depois ser enviado a Brasília, para que os recursos sejam então liberados.

Após a homologação por parte do governo do Estado, as pessoas que tiveram algum prejuízo devido aos temporais poderão resgatar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para cobrir os gastos.
do UOL Notícias

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