É leviano a oposição desmerecer o passado de Dilma Rousseff na luta contra a ditadura. Foi um tremendo vexame quando, por exemplo, o senador José Agripino (DEM-RN) disse que a petista era acostumada a mentir na cadeia quando era presa política.
Ter se posicionado contra o regime militar é digno de estrelinha no currículo – não apenas para ela, mas para José Serra (PSDB) também.
Enaltecer o passado, no entanto, tem limites. Na quinta-feira, no programa eleitoral de 10 minutos do PT, Lula comparou a trajetória de Dilma à do sul-africano Nelson Mandela. É como querer comparar o Datena com Clóvis Rossi, uma lenda do jornalismo.
Mandela ficou 27 anos preso e saiu de lá nos braços do povo, com um discurso apaziguador, direto para a Presidência. Dilma passou 3 anos na cadeia (nove vezes menos) no começo dos anos 1970 e só vai disputar a primeira eleição quase quatro décadas depois.
Não que o tema deva ser tratado como um campeonato de quem sofreu mais no xilindró, mas a comparação é completamente indevida. Muito mais indevido, no entanto, foi usar o espaço de ontem para fazer campanha. Vale lembrar que, na mesma noite, o PT e Dilma foram novamente multados por propaganda fora de época pelo TSE.
Ficar passando por cima da lei eleitoral na cara dura a toda oportunidade é impor ao eleitor o papel de otário. Muito pior do que comparar banana com laranja, ou melhor, Dilma com Mandela.
Por: André Gonçalves Gazeta do Povo
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