Sai a lista dos convocados em junho. Os nomes daqueles que podem atuar no jogo de outubro. O funil onde milhares buscam um espaço, mas só poucos conseguem sucesso. A partida mais emocionante que futebol será realizada dentro de cinco meses. Até lá, o treinador terá tempo de escolher os melhores jogadores.
O técnico é o eleitor que pode ganhar ou perder, assim como na Copa do Mundo. Dunga pode virar campeão ou virar boneco de malhação de Sábado de Aleluia. Como no futebol, a política partidária não é matemática. Depende de uma série de atenuantes e condicionantes.
É a subjetividade na busca de votos que determina o resultado final. Mas como numa partida de futebol, na campanha eleitoral é preciso seguir determinadas regras e optar por esquemas táticos para se chegar ao gol - no caso a contagem dos sufrágios.
No futebol moderno, como na política partidária, não se admite amadorismos. Vence quem estiver mais qualificado, mas há sempre um risco de perder e da zebra disparar. Como em qualquer campeonato, as eleições reservam surpresas. Dunga diz que não entra numa competição para perder. Não quer brincar de fazer de conta. Mas depende de coadjuvantes, dos jogadores e até dos cartolas. Assim é na política.
Para um governador vencer a peleja, está sujeito à escalação de seus candidatos. Da força da sua mensagem e da vontade de convencimento dos seus assessores, dos cabos eleitorais e por fim, da sensibilidade do eleitor.
O futebol é um esporte coletivo. São 22 jogadores em busca da vitória com apenas uma bola. Um árbitro e dois auxiliares, um juiz reserva e mais uma equipe de bastidores garante um mínimo de civilidade.
Na arquibancada, torcidas aplaudem, choram e xingam. Na política, o respeito às regras é exercido pela Justiça Eleitoral com seus auxiliares, o Ministério Público e a polícia. E de olho em todos está a Imprensa a registrar os fatos, a comentar os acontecimentos.
No futebol os modernos recursos digitais promovem um circo visual. Jogadas podem ser repetidas. Zooms e closes ao alcance do controle remoto. A interação narrador-torcedor estimula o debate. O show, portanto, vai muito além das quatro linhas.
Como no futebol, onde o centro do espetáculo é o jogador, as jogadas e o gol, na política partidária o candidato é a estrela. As jogadas são as articulações, os discursos e as mensagens. O gol é feito na urna eletrônica, mas quem chuta e marca é o eleitor.
A vitória não é comemorada no minuto seguinte. Ela depende da atuação do elenco vitorioso. Somente ao longo de quatro anos é que a gente vê se o chute foi bem dado ou não.
Futebol é diversão, é espetáculo e lazer. Eleição também é isso, mas essa bandeira da democracia precisa estar sempre levantada e seus jogadores diariamente vigiados.
(*) Gilmar Corrêa
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